quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Suicidio acto de......

Quando oiço uma notícia sobre alguém que se suicidou fico sempre
chocada e penso que terá acontecido de tão grave para que essa pessoa
não suportasse mais viver. Mas, pensando friamente pergunto-me se afinal
o suicidio é um acto de coragem ou de covardia??

Quantos de nós já pensamos em desistir? Quantos de nós já desejamos acabar com tudo,
sermos nós mesmos a fechar o último capítulo da nossa vida?

Que falta?

Coragem? Medo de deixar quem amamos? Deixar para trás as coisas boas que a vida nos oferece?

Então mas quem é que é fraco? Aquele que tem coragem de decidir o seu fim ou aquele que se
deixa viver, quantas vezes angustiado porque não se sente encaixado?

É daqueles assuntos que me fazem muita confusão até porque já li uma carta de despedida de uma suicida e parece-meu tão em paz, tão bem com a sua decisão.
Mas, como os actos falam quase sempre por si, o suicida será sempre visto como um desistente, um coitado, um covarde...

É assim que deve ser?

23 comentários:

Hebitsukai disse...

Bom...se queres que te diga não sei bem!

Acho que não é uma questão de coragem ou covardia sequer!! Acho que é uma questão de apenas e só estar farto...de não aguentar mais...de querer à força o sossego! Ou então uma saída...como outra qualquer...há pessoas que aguentam mais outras que aguentam menos...mas todos nós temos o nosso "breaking point"!!

Ainda tenho bem presente o suicídio de uma rapariga que tinha uma vida inteira à sua frente...e até hoje ninguém conseguiu dar outra explicação pró suicídio dela a não ser "um acto irreflectido"! Acho sinceramente que é a resposta mais fácil de se dar nestas situações!

Enfim...! Eu sei que tenho certos limites...e se chegar ao ponto deles...não tenho nem coragem nem covardia para me suicidar...apenas faço-o porque pra mim o que vem depois é mau demais!

Vivian disse...

Fico sempre com a ideia de que um suicida é alguém sem coragem para ultrapassar os obstáculos da vida. Nunca tive pena dos suicidas.

João Pinto disse...

É curioso que tenhas escrito sobre este assunto, visto que ainda ontem estive a falar sobre ele.
Julgo que a opinião sobre este assunto é sempre relativamente polémica porque encerra uma opinião muito pessoal sobre a questão.
Quanto a mim, julgo sinceramente que, em muitos casos, o suicídio é um acto de covardia. Num segundo o suicida resolve todos os seus potenciais problemas num ápice. Lembro-me de alguns casos de suicidas que estavam com problemas financeiros e pessoais graves e, depois de cometido o suicidio, ficaram os familiares cá a tentar resolver as situações.
Por outro lado, admito que em alguns casos o desespero atinge proporções tais que torna o suicidio o acto ireeflectido de que fala o Mitsukai, sendo que, neste caso, trata-se da reacção pessoal às adversidades: Umas possivelmente partem uns móveis ou enfiam um tiro noutra pessoa, outras atiram-se de um 8º andar.
Continuo a acreditar que, na generalidade do caso, fala mais forte o instinto de sobrevivência que faz parte do mais intímo do nosso ser.

André disse...

Eu não posso condenar os outros de seguirem ou quererem seguir essa via, mas eu (suponho) que nunca o faria.
Mas vou pôr as coisas desta maneira, se fosse feito um referendo eu votava no sim à despenalização do suícidio assistido (?).
Eu não faço ideia do que leva uma pessoa a suicidar-se, mas dou-lhe todo o direito. Mas, claro, estas coisas têm que ser acompanhadas por psiquiatras, etc.
Um bocado deprimente...

Hebitsukai disse...

Bom...no caso do que o andré falou...aí a coisa é diferente claro!!

Eu por princípio sou a favor da liberdade de escolha! E se uma pessoa está incapacitada de dar término ao seu sofrimento por si própria, acho que tem todo o direito que alguém possa ajudá-la!

É tudo muito lindo e todos cheios de principios quando estamos bem...mas quando estamos mal...a sentirmo-nos completamente inuteis...um estorvo...que as dores são tantas que a gente pede aos deuses todos pra que o coração simplesmente deixe de bater...epah...aí a mentalidade já muda né?? Eu votava sim, claro, evidente!! Se não assistido pelos médicos, ao menos que não se penalizasse os entes queridos que a pedido da pessoa em sofrimento, o fizessem!!

A florença acha um acto de covardia o suicídio...então diz-me lá...não tens um limite tu??...algo extremo que te faça dizer "se chegar àquele ponto...acabo com a minha vida"!! Eu tenho!! E acho que ninguém é "herói" o suficiente para aguentar com tudo nesta vida!! Desculpa mas nisso realmente não acredito!!

Vivian disse...

mitsukai,

Epá, lamento desapontar-te mas não. Desistir é fácil demais e eu gosto de coisas difíceis. A vida é para ser vivida com intensidade e há que saber contornar os obstáculos. E sou heroína sim, da minha própria vida ;)

Hebitsukai disse...

Ok florença...permite-me não acreditar nisso...respeito a tua opinião, claro...mas sinceramente acredito que por mais força que se tenha...há sempre aquela cena que nos faz desistir!

Eu dou-te um exemplo...se eu chegar ao ponto de ficar sem abrigo...a comer em latas de lixo...e a viver de esmolas.......bom...eu não chego a esse ponto (já deu pra perceber o que faço antes disso acontecer)!! E isto é só um dos exemplos dos meus breaking points!!

alfabeta disse...

Para mim uma cobardia,mas nunca digo desta água não beberei e não sei o dia de amanhã e posso também ser cobarde, mas o que penso hoje é que realmente é um acto de cobardia e desespero.

André disse...

Desculpem lá Florença e alfabeta mas eu tb me considero um herói nesse aspecto, quero dizer, creio que nunca desistiria da vida, mas daí até chamar covarde quem o faz é simplificar demasiado a questão.
Quais são os factores que levam ao suicídio normalmente: vergonha, extrema dor e depressão.
Para uma pessoa normal qualquer um destes factores é ultrapassável, mas imaginem que tinham que levar a vida inteira numa destas condições.
O que eu digo é que não compreender estas questões é falta de empatia e de conhecimento da natureza humana.
E para finalizar, se formos a ver o significado de covarde (que ou quem age com temor diante de alguém ou de algo; que ou quem não apresenta valentia), será assim tão vergonhoso sê-lo em determinadas alturas da nossa vida?

Maria Araújo disse...

Concordo inteiramente com o que foi proferido pelo André e pelo Mistukai.
Eu confesso que este é um assunto que me deixa absolutamente muda quando questionada acerca dele,dada à profundidade que encerra e que muitas vezes me sinto incapaz de alcançar,naturalmente.A superficialidade,frieza e objectividade podem bem ser deixadas de lado se se deseja falar disto com um grau mínimo de coerência.Eu acredito na nossa limitação psicológica como seres humanos e daí não considerar que o acto do suícidio seja passível de ser conotado de covarde!O nosso mal maior reside no facto de (in)conscientemente acreditarmos na nossa Ominipotência e como tal termos obrigação de ultrapassar absolutamente tudo com que nos debatemos na vida,sob pena de podermos vir a ser apelidados no futuro de fracos ,pessoas sem força interior,sem o mínimo de coragem...mas o facto é que somos mesmo de carne e osso,cheios de fraquezas e não capazes de suportar certos atritos com que nos deparamos...e que apesar de tudo o que dizem,nós temos uma grande capacidade de aguentar/suportar e lutar, e prova disso é que só quando esse limite é de facto atingido,é que tomamos a árdua decisão de colocar o ponto final no tormento.É covardia?Não.Definitivamente não.Apesar de no contexto parecer uma atitude paradoxa,é um acto extremamente "corajoso"... e eu quero acreditar que todos nós somos minimamente dotados de um pouco de sensibilidade e inteligência para compreender o porquê.

il primo disse...

"Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;
Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis."
Bertold Brecht

Avelã disse...

Como dá gosto ver que os meus comentadores habituais têm cabecinha em cima dos ombros e que tanto comentam bem um post brincalhão e calão como um post sério e de tema melindroso. Bem hajam, beijos

Avelã disse...

il primo bem voltado ;)

alfabeta disse...

Andre, nota que referi que eu tb podia ser cobarde, só sabe o que se passa no convento quem lá mora dentro.Agora o que eu acho hoje é que é cobardia.

André disse...

concordo contigo alfabeta, eu tb nunca faria tal coisa, mas daí a tentar entender quem o faz e rotular essas pessoas de covardes é um longo passo

Unknown disse...

é sempre relativo. cada um terá os seus motivos e fazer uma coisas destas nunca pode ser de ânimo leve. eu acho que é precisa muita coragem para o fazer. e muito desespero... adiante! tas a ficar séria porra? :P

Avelã disse...

bífido activo

nem só de brincadeiras e maluqueiras vive esta gaja...

alfabeta disse...

André uma pessoa amiga que eu gostava muito, suicidou-se com um tiro na cabeça, ela tinha problemas como todos nós temos , mas nada que não se resolvesse, o que penso hoje não quer dizer que pense amanhã.

Hebitsukai disse...

alfabeta...

Os problemas dos outros nunca são nada que não se possa resolver...!

alfabeta disse...

lÁ ESTÁ MITSUKAI, EU CONHECIA OS PROBLEMAS DELA, E EMBORA SENDO SUA AMIGA ETERNAMENTE TENHO QUE DIZER QUE ÁS VEZES SOMOS NÓS PRÓPRIOS QUE CRIAMOS OS PROBLEMAS.tAMBÉM JÁ TIVE VONTADE MAS EU SOU LUTADORA, NÃO DESISTO FACILMENTE.

Hebitsukai disse...

Tb num precisas de gritar!! Hehehe...brincadeira!!

Se somos nós próprios que criamos os problemas ou eles apenas surgem...isso num interessa...o que interessa é que às x's não conseguimos sair deles...ou pelo menos a tua amiga deve concerteza ter achado que já não teria forças pra continuar!

Talvez contigo seja diferente...mas acredito mais no que dizes que "hj penso assim...amanhã nunca se sabe"!!

Enfim...seja como for o que está aqui em questão é se é covardia ou não...e nesse aspecto, não acho que seja!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Sobre este assunto,

se tiver que escolher entre covardia e coragem, escolho covardia se bem que...

...não tinha coragem para ser covarde.